É muito comum você ouvir líderes de “igrejas” dizendo que tem uma “visão”, e que a recebeu de Deus para fundar o “seu ministério”. Com base nessa “visão”, muitas pessoas se unem a esse líder e compartilham no todo ou em parte da mesma “visão”. Mas, a questão a ser respondida é: pega a visão e eu te pergunto – de quem? do homem? Pois só há uma visão – a de Deus.
Mas, o que é uma visão?
É o ato ou efeito de ver; sentido da vista; percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista – segundo o dicionário Oxford.
Visão Organizacional, Institucional ou Empresarial (Apenas sinônimos)
A visão organizacional é a imagem que uma empresa projeta, visualiza para o futuro, ou seja, é o que ela deseja alcançar em um determinado período de tempo. Sendo, portanto, um conjunto de objetivos que a empresa visa e almeja alcançar, e é um dos elementos que definem a identidade e a cultura organizacional.
Ela deve ser compartilhada, apoiada e abraçada por todos os colaboradores da empresa, sendo este um ponto extremamente relevante para a administração e toda a equipe. É importante que a visão seja construída com a participação dos colaboradores, de modo a expressar um sonho também desejável por eles, alcançando sucesso na empreitada.
A visão deve estar alinhada com os valores da empresa, que são os princípios éticos e crenças que orientam o comportamento da organização.
A missão organizacional, por sua vez, é a razão de ser da empresa, ou seja, o seu propósito fundamental.
E o que é uma visão espiritual?
Normalmente entendida como uma revelação divina, a qual pode ser transmitida de uma aparição sobrenatural, num sonho, num transe ou êxtase religioso. Dessa “visão”, nasce uma nova instituição.
Bem, aqui temos uma definição de visão no âmbito material ou físico, a visão de uma organização, instituição ou empresa e ainda outra, num sentido espiritual.
Caso tenha passado despercebido por você, gostaria que lesse novamente a visão organizacional e a espiritual. Pois, via de regra, uma está ligada a outra, embora muitos líderes institucionais não admitam que suas “igrejas” sejam empresas, mas observe a pura semelhança entre elas. E lembre-se ainda que organizações para terem sucesso, dependem de lucros, que obviamente enriquecerão seus líderes fundadores e manterão a empresa em ascensão. Sugiro que você leia a visão organizacional, substituindo os termos – organização por “igreja”; identidade e cultura por estilos de “igrejas”, tradicional, protestante, pentecostal e etc.; por fim, substitua colaboradores por membros, povo ou leigos.
Após esta leitura e com este olhar, tire suas próprias conclusões sobre as diversas visões de instituições/denominações espalhadas pelo Brasil e pelo mundo. (Espero que continue lendo este artigo).
Algumas visões da Bíblia
As Escrituras falam de visões em várias passagens. Como exemplo, mencionaremos apenas algumas:
Em 1 Samuel 16:7, a Bíblia diz: “Ele abriu meus olhos para as palavras do Senhor: “O homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração””
Em Jó 33:14-15, a Bíblia diz: “Pois Deus fala repetidamente, embora as pessoas não prestem atenção. Fala em sonhos, em visões durante a noite, quando o sono profundo cai sobre todos, enquanto dormem em suas camas”.
Em Atos 2:17, a Bíblia diz: “Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todas as pessoas. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões e os velhos terão sonhos”
Perceba, as visões que Deus mostra ao seu povo, é sempre para o cumprimento do propósito Dele, da vontade soberana de Deus e;
· Não tem a ver com desejos ou visões pessoais;
· Com o que você acha ou deixa de achar;
· Com seus caprichos;
· E não tem a ver com a sua realização pessoal e nem tampouco com o “seu ministério”, mas sim, com o que Deus diz e com o que Ele quer realizar.
A visão é Dele, o Ministério é Dele e a obra é Dele.
Assim como está escrito em Romanos 11:36 “Portanto dele, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele seja a glória perpetuamente! Amém”.
E só um lembrete – Deus não divide a glória Dele com ninguém, absolutamente, ninguém.
Pense por um instante. Tudo é do Senhor Deus, e isso inclui a visão, porque ela faz parte do tudo. Então, porque há tantas denominações com tantas “visões” diferentes? Não deveriam todos estar debaixo da Única Visão que é do Senhor Jesus Cristo?
A resposta para tantas denominações existentes é uma equação muito simples de entender:
Visão + visão = Divisão.
Esse é o motivo de cada um achar que tem a sua própria visão. Ao agirem dessa forma, criam uma divisão da visão do próprio Deus.
Toda visão, ritos, sacrifícios e etc. que Deus deu ao Seu povo no Antigo Testamento, inevitavelmente apontava para Jesus Cristo, para a salvação de todos os homens, os que creem Nele, conforme declara a Palavra.
1Timóteo 2:5 “Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo”.
Note bem – a figura do sacerdote, do profeta que existia no passado, não existe mais, foi plenamente substituída por Jesus Cristo, o Pastor, Mediador e Intercessor entre Deus e os homens.
Quanto a vós outros, zelai para que aquilo que ouvistes desde o princípio permaneça em vossos corações. Porquanto, se o que ouvistes permanecer em vós, de igual modo permanecereis no Filho e no Pai.
E esta é a Promessa que Ele nos fez: a vida eterna!
Eu vos escrevo estas advertências a respeito daqueles que vos querem seduzir. Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém mais vos ensine sobre isso. No entanto, a unção que dele procede é verdadeira, não construída sobre a mentira, e vos ensina sobretudo o que precisais saber. Permanecei, pois, nele assim como Ele vos ensinou. (grifo nosso).
Passada rápida pelas dissidências institucionais
Vamos relembrar a história de forma breve, a fim de que entendamos porque há tantas visões e denominações diferentes.

· Constantino não gostava das leis judaicas e consolidou a “igreja” católica favorecendo-a politica e religiosamente a partir do século IV;

· Lutero não gostava da “igreja” católica e fundou a “igreja” Luterana;


· Calvino e John Knox não gostavam da “igreja” Luterana e fundaram a “igreja” Presbiteriana;

· Henrique VIII não gostava que negassem o casamento católico e fundou a “igreja” Anglicana;

· John Wesley se mantendo na “igreja” Anglicana, fundou o movimento Metodista, que mais tarde se torna a “igreja” Metodista;

· Joseph Smith não gostou de nenhuma das “igrejas” de sua época e fundou a “Igreja” de Jesus Cristo dos Santos dos últimos dias, os mórmons;

· John Smith não gostou da “Igreja” da Inglaterra e fundou a “igreja” Batista, que curiosamente carrega seu sobrenome;

· Willian Miller não gostou da “igreja” Batista e fundou a “igreja” Adventista;

· Ellen White não gostou de tudo de Willian Miller e fundou a “igreja” Adventista do Sétimo dia;

· Charles Russell não gostou dos Adventistas e fundou as Testemunhas de Jeová;

· Pastores que não gostaram de nenhuma dessas “igrejas”, fundaram as “igrejas” pentecostais e os que não estão gostando das “igrejas” pentecostais, então fundando outras tantas “igrejas” como pode ser visto em nossos dias.
A verdade é que todos vieram da mesma fonte, as Escrituras, a Bíblia Sagrada. Porém, cada um desenvolveu a sua própria “visão” que obviamente difere da “visão” do outro por questões de desejos pessoais, de não concordar com o outro, por haver recebido uma “revelação/visão” particular, ou ainda, pelo fato de querer ter poder e para chamar a “sua igreja de sua”, e “o seu ministério, de seu”, construindo assim, seus impérios.
Efésios 4:1-6 diz: Portanto, eu, prisioneiro no Senhor, suplico-vos que andeis de modo digno para com o chamado que recebestes, com toda humildade e mansidão, com paciência, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando cuidadosamente manter a unidade do Espírito no vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, da mesma forma que a esperança para a qual fostes chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos. (grifo nosso).
Este é um dos textos que mostra o quanto se está distante da prática dos ensinos de Jesus Cristo e da doutrina dos Apóstolos.
Andar dignamente, ser humilde e manso, ser paciente, suportar uns aos outros, viver em paz mantendo a unidade do Espírito. Estas são atitudes e ações que não refletem a grande maioria das chamadas “igrejas” atuais, pois cada qual puxa a sardinha pra sua brasa, disputas acirradas e muitas vezes difamatórias nas redes sociais, sem contar as falas odiosas contra “seus concorrentes”.
Para estas pessoas, parece que o único Senhor, a única fé, o único batismo e o Único Deus e Pai de todos, atua com as “visões” diferentes que cada um chama para si e quer enquadrar Deus e Jesus Cristo em “seus ministérios” e em seus projetos.
Lembre-se que há um único projeto de Deus que é a salvação de pessoas através de Cristo Jesus e isso, Ele aponta desde o Antigo Testamento, mostrando que viria o Cristo, o Cordeiro que tiraria o pecado do mundo e inauguraria a Sua Igreja, comprada por Seu sangue, composta de muitos membros de toda tribo, língua, povo e nação.
Ele é o cabeça da Igreja, portanto, a visão é só Dele e a direção é só Dele. Jesus vem e cumpre todo o rito do Antigo Testamento, sendo Ele agora, o Sumo Sacerdote, o Mediador entre Deus Pai e os homens.
Ele vem buscar a sua Igreja, uma única Igreja. Não instituições e nem organizações!
Pegou a Visão?
Deus diz em Oseias 4:6-9:
Eis que o meu povo está sendo arruinado porque lhe falta conhecimento da Palavra. Porquanto fostes negligentes no ensino, Eu também vos rejeitarei, a fim de que não mais sejais sacerdotes diante de mim; visto que vos esquecestes da Torá, Lei, do teu Elohim, Deus, eis que Eu também ignorarei vossos filhos.
Ora, quanto mais se multiplicou o número de sacerdotes, mais eles pecaram contra a minha pessoa; eles trocaram a Glória que lhes pertencia por algo que só lhes traz vergonha e humilhação. Eles se alimentam dos pecados do meu povo e intimamente desejam que eles pratiquem o mal, e cada vez mais. Sendo assim, repreenderei severamente tanto o povo quanto os sacerdotes por causa dos caminhos que preferiram, e lhes retribuirei de acordo com todas as suas atitudes. (grifo nosso)
A pergunta que resta a ser feita é:
Qual visão você seguirá?
Buscará conhecimento na Palavra, nos ensinos do Mestre ou continuará sendo guiado e dependente da “visão” de outros?
Com isso não estou dizendo que você deva andar sozinho, pois isso também não é cristão. Procure caminhar com pessoas que partilhem da Visão do Reino de Cristo, da Igreja de Cristo e que se reúnam somente ao Nome do Senhor Jesus.
Que Deus continue te abençoando e te esclarecendo sobre a vida cristã e Seu Reino!
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Esclarecimento:
Talvez você tenha estranhado porque algumas palavras estão muitas vezes entre aspas no texto. Eu explico:
“Igreja” – O sentido desta palavra é mal empregado. Ninguém cria ou inaugura “igreja” porque Um apenas já a criou e inaugurou – Jesus Cristo.
Os homens criam instituições ou denominações e constroem templos, salões, galpões e etc. Segundo a Bíblia, igreja são as pessoas reunidas, ou seja, vários membros juntos, congregados apenas ao Nome do Senhor Jesus, essa é a igreja de Cristo e não templo ou paredes. Por isso está errado dizer – “vamos a igreja”, quando o correto é vamos à reunião em casas, parques, escolas etc.
“Visão” – Considerando que há apenas uma Visão e é a de Deus descrita em toda a Bíblia, todas as demais contribuem para a equação:
Visão + visão = Divisão.
“Ministérios” – É comum ouvir pessoas dizendo o “meu ministério”, quando na verdade, o ministério é de Deus e as pessoas apenas participam dele. Então, não é seu, e sim, Dele. E como dissemos, essa é uma das causas de se criarem tantas instituições diferentes no mundo.
É de se pensar em tudo que está acontecendo hoje o que mais existe é igrejas evangelica e cada dia se multiplica a pergunta é Porquê???
será que não existe igreja suficiente?
um só Deus uma só visão uma igreja
Olá André, o que na verdade se multiplica são instituições ou denominações. Igreja de fato, só existe Uma e é a de Jesus Cristo conforme está em Sua Palavra. Tudo o mais, são projetos de poder que os homens querem exercer sobre os outros e com isso, ganharem as benesses que os títulos lhes conferem.